Era um dia simples, e estava despida de rivalidades e sentimentos opostos. Encontrou um lugar pra descansar, mas não sabia como olhar para si, e, de certa forma entender sentimentos contrários. Depois de tanto olhar para o seu teto que era branco, e aparentava ter pintura desgastada, viu que era aquele o lugar que queria estar, e depois de muito refletir, encontrou em si mentiras impostas a si mesma.
Sentou a beira da cama, e quando o colchão baixou, ecoou em si uma verdade absoluta, era verdade!
Verdade sobre o que, como, de que forma...sim, havia acontecido. E, depois de entender a postura que tomara, olhou mais uma vez para o teto, e indagou.
Quem realmente teve olhares perpétuos sobre a situação? Entre dois olhares que se cruzaram e tornaram-se um. Depois de tanto esperar, o tempo contado, passara ali horas sem saber o que encontrar em seu quarto que a deriva tinha mobílias misturadas com cores diferenciadas. A TV permanecia desligada, o computador também, bem como a canção que tocara ao fundo enquanto pensava.
Ouviste uma voz, e o coração disparou! Quem seria? Menina, era ela mesma entendo e falando consigo mesmo! Interrogações, e indagações começara a entender, e então chegou a conclusão, quem sou eu?
Ao olhar ao redor a mesma mobília, encontrava cores diferentes, sim era ela mesma quem olhava o mesmo redor, e deleitava-se em suas cores, e, encontrara ali um refugio pra tanta gentileza.
Não! Não estava delirando, encontrava um posto de estar agora com as pernas entre abertas, diferente da postura que demonstrava no primeiro momento, de estar com as pernas cruzadas.
Abriu-se para o mundo uma porta estampada de possibilidades. Os sonhos que tinha outrora, despertava, e o céu, já possuía outra cor além do azul.
Deitou-se novamente, viu o teto, e este já não parecia desabar sobre suas trilhas inexploráveis. Pegou um objeto vermelho, que tinha espessura fina, e brincou com suas mãos, e entre seus dedos, questionava-se quem era, o que fizera, qual sonhos tinha.
Pensou, pensou, e encontrou. Mas, ainda existia um porque, aliás, inúmeros porquês. E, então, encontrou a porta entre aberta, diferente do modo da qual deixara.
Olhou a fresta, e viu a luz, que refletiu em seu rosto, e esta luz era tão forte que precisara proteger a retina dos olhos. Questionou-se quem estaria ali naquele momento, e então, gritou pela mãe.
Quando esta não a respondeu, indagou-se. Saiu a procurar, e assim tentou encontrar. Era escuro, mas a luz vinha de algum lugar que não sabia donde. E começou a olhar as entrelinhas dos pisos brancos da sala, com rebocos antigos, amarelados e envelhecidos. Olhou para o armário, que estava ainda enfeitado com artigos natalinos. Virou-se para verificar a porta, e esta estava entreaberta. Saiu em direção a mesma. Percebeu que estará sozinha naquele momento, e consigo, havia pensamentos e perguntas sem respostas. Ao andar em direção a porta da cozinha devagar, como os pés sobre o piso frio, olhou para trás.
A luz continuara a persegui-la, e mais uma vez questionava-se de onde viria uma luz tão forte. E ao mesmo tempo, que o piso lhe causara frio por estar de pés no chão, procurou não esconder a ansiedade e o medo que sentira. Desceu o degrau da cozinha, olhou para a garagem que estava vazia. Observou atentamente as árvores, o sol, as nuvens, e sentiu uma brisa passar sobre seu rosto. Aquela era a primeira sensação de paz que sentira naquele momento. E sem perceber a sensação que o vento lhe causara, ainda sim, olhava atenta para fora, procurando algo que explicasse a luz.
Vendo que nada tinha para mais investigar, se colocou sentada sobre um banco pequeno de eucalipto, com uma madeira áspera e que ainda cheirava fresca. Passou a mão sobre a madeira, colocou sobre o nariz, aspirou o cheiro que parecia ser bom, e ali ficara por mais alguns minutos.
Olhou o sol que estava se pondo, e que despertou uma angustia significativa. Percebeu que o fim da tarde não lhe fazia bem, e que de certa forma uma certa tristeza a invadia. Novamente, lembrava do teto do quarto. O celular tocara, mas esta não o ouvira. Passado um tempo, despertou-se para a distração, e sentiu o desejo de comunicar-se com alguém. Mas quem seria? Quem a entederia? Quem teria a capacidade de entender um dialogo com aquele teto sem vida? Não importava, ela precisava dizer sobre a luz.
Voltando vagarosamente para o quarto, e sobre a ponta dos pés, entendera que o mesmo estava gelado. Correu para a sala, atravessou o corredor, olhou para os quartos, e checou um a um. Voltou-se ao que estava, e as cores ainda estavam lá. O entardecer já invadira a fresta da janela que deixara, mas que não percebera que o tinha feito.
Ao olhar ao redor do corpo, e girar sobre o mesmo, olhou novamente cada detalhe, tudo estava posto em seu lugar, mas algo, ainda não certo. Havia algo que necessitara olhar de uma forma diferente. Da janela, percebeu mais uma vez a luz, e o por do sol que misturava-se em cores laranja, cinza e azul. Quando menos se esperava, sentiu a luz entrar dentro de si, e então, despertou. Ela havia sonhado. Mas a sensação parecia real e ao mesmo tempo a impressão que tinha era de que realmente algo estava diferente ali. Passou a mão sobre o rosto, arrumou o cabelo rapidamente, levantou-se e sentou-se a beira da cama, procurando entender o que significava a luz, a mobília com cores diferenciadas, o cheiro da madeira, e o piso gelado.
Repassando cada detalhe, entrou para o banheiro, e olhando para o espelho, que mostrara a cara amassada, arrumou mais uma vez o cabelo, e quando saiu, topou com a mãe que vinha com a cara leve, e despertou mais uma vez.
Olhara aquele rosto, que tinha paz, e do qual contemplou por alguns minutos. A mãe tinha uma carta nas mãos, que a mandaram entregar.
Não havia remetente. O envelope era grosso e tinha cor amarela. Ao abrir lentamente a borda bem colada, tomou cuidado para que esta não rasgasse totalmente, e então retirou folhas brancas. Olhou cuidadosamente cada uma delas, e em uma havia uma letra pequena, com um dizer singelo. Apenas sonhe amada minha, e, escreva sua histórias em listras brancas de paz, siga a luz que esteve em teu quarto, entre a tua janela entreaberta, e olhe quem és. Desperta, ainda é tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário